Alexandra Bettencourt recentemente sagrou-se Campeã Nacional de Triatlo. A almeirinense que representa os Águias sonha com os Jogos Olímpicos.
Como e quando surgiu o gosto pelo Triatlo?
Fiz o meu primeiro percurso da modalidade na aprendizagem de natação. Passei pelas fases da adaptação ao meio aquático, aprendizagem e aperfeiçoamento das técnicas de nado. Comecei a ir a provas de natação e só posteriormente, quando tinha 8 anos, fiz a minha primeira prova de Aquatlo. O meu treinador de natação – Prof. Miguel Jourdan – a partir desse momento, influenciou-me e levou-me para a prática do Triatlo. A minha primeira prova de Triatlo foi em Avis, tinha eu 10 anos. Estava um temporal medonho e eu, assim que caí à água, levei uma “amona”, nadei 5 metros e voltei para trás a chorar!
Que modalidades tinhas praticado antes?
Além da natação praticava também Andebol. Andei lá um ano. Acabei por, no ano seguinte abandonar.
O que te fascinou na modalidade?
Ao princípio até nem gostava muito, não sabia andar de bicicleta e corria com sacrifício 20 minutos,de vez em quando, quando a minha mãe me levava para o circuito. Até aos 11 anos a minha preparação de base foi a natação. Depois, era a mais nova no meu grupo de colegas de treino dos “Águias” e nos treinos de corrida ou de BTT tinha de andar com eles, para não ficar para trás e para não lhes prejudicar o treino. Com o passar do tempo, com as aprendizagens específicas da modalidade, com os feedbacks que o Miguel me ía dando sobre as minhas potencialidades e com o aparecer de resultados desportivos nas provas do campeonato nacional jovem comecei a querer cada vez melhorar as minhas performances. Fui conquistando o fascínio pela modalidade… hoje não me imagino sem treinar, sem sentir a adrenalina dos momentos competitivos e sem sentir o desafio diário de me superar a mim própria.
É uma modalidade de grande exigência e desgaste?
Completamente. Acabo por ter de dominar e treinar três modalidades distintas: natação, ciclismo e corrida. Há dias que as treino no seu conjunto e muitas vezes o meu dia inicia-se às seis horas da manhã para só terminar às 21 horas. Treino cerca de 18 horas semanais e todos os dias da semana. Para além disto, sou exigente com os meus estudos e assim, é necessário gerir muito bem o meu tempo para conseguir obter boas classificações na escola e treinar ao mais alto nível. Tenho conseguido conciliar as coisas de forma a não faltar a um único treino nem a uma única aula. É certo que os meus treinadores, o Duarte Marques e o Sérgio Santos têm que, para isso, muitas vezes adaptar o meu plano semanal de treinos.
Quais são ou foram as pessoas que mais te influenciaram nesta carreira?
Sem dúvida que a pessoa que mais me marcou foi o Miguel Jourdan. Hoje ainda sigo os seus ensinamentos, o seu carácter, a sua atitude e a força que só ele conseguia incutir em todos nós. Hoje temos dois grandes treinadores a acompanhar a equipa dos “Águias” e que me influenciam grandemente no meu percurso desportivo. Outro grande pilar será sempre a minha família. Todos eles estão presentes nas minhas vitórias e nas minhas derrotas.
Qual foi a vitória mais saborosa até ao momento?
Hum… a minha vitória mais saborosa… Talvez a minha última prova, realizada no dia 13 de Julho em Esposende – Taça de Portugal e que era a prova de título nacional de Triatlo para cadetes e juniores. Acabei por ser a vencedora absoluta num local em que, em anos anteriores não obtive muitos bons resultados.
Quais são os teus objetivos a médio e a longo prazo?
Os meus objetivos a médio prazo passam, por um lado, apostar em todo o meu processo de treino para ser cada vez melhor. Por outro lado, ganhar experiência competitiva participando nos campeonatos nacionais e nas provas do circuito europeu no escalão de youth e juniores.
As minhas metas a longo prazo são as participações mundiais e Jogos Olímpicos de 2020.
É um sonho entrar no Projeto Olímpico?
Sim claro. Terei de trabalhar muito e ser muito forte psicologicamente. Qualquer atleta tem de ter muita ambição para mais quando, se tem o privilégio, de se ser acompanhado tecnicamente por grandes treinadores como são Sérgio Santos, treinador de referência mundial e o Duarte Marques que me acompanha diariamente.
A mudança para Rio Maior está inserida nestes objetivos?
Obviamente que sim. Em Rio Maior, tenho as melhores condições que poderia ter para o treino desportivo de alto rendimento pois por exemplo, treino todos os dias numa piscina de 50 metros, usufruo dos serviços médicos, de fisioterapia, massagem e consultas de nutrição, estou acompanhada de perto, pelos meus treinadores que supervisionam todos os meus treinos e ainda, treino com atletas mais velhos e mais fortes. São tudo valências imprescindíveis a um atleta de triatlo.